segunda-feira, 10 de março de 2008

Planeta Demodê

Porque eu escrevi há muito, muito tempo e tirei 10 na faculdade com esse texto. então taí:



Está na moda falar de moda. O assunto pode parecer fútil, digno de cidadãos típicos da sociedade moderna,
escravizados pela superficialidade das coisas.
Mas é importante lembrar que a questão de moda não se aplica apenas ao estilo visual. Está em tudo aquilo que é costume e, segundo o dicionário, está em voga por algum tempo.
Ainda com esse conceito é indiscutível afirmar que todos nós entramos “na onda”, assim como é indiscutível dizer também que não é preciso ser especialista no assunto para diferenciar as tendências daquilo o que esperamos não ver circulando por ai.

Podemos citar, por exemplo, a moda do antiamericanismo. Por ironia do destino, os conterrâneos dos recordistas no que diz respeito à popularidade (Mickey Mouse e All Star), desfilam na passarela principal da “não preferência” mundial.
A sensação de inimizade pelo “país das maravilhas”, seus costumes e ideologias circulam pelo mundo, embora essa rejeição não se aplique a seus sanduíches, calçados e estrelas de cinema.
Ninguém sabe ao certo porque gostar ou não de uma nação. Ninguém encara cada americano individualmente. Eles viraram um só cidadão, representados pela fome capitalista de poder, lembrados por seus olhos azuis, seus negros esportistas e suas bombas potentes.Porém, os acessórios citados não são suficientes para garantir a unanimidade quanto à recusa mundial, e a grife do estimado Bush encontra forte ameaça nas coleções outono inverno do terrorismo oriental, o que gera um confronto acirrado entre verdadeiros mestres na bizarra moda da violência.
Além disso está em alta seqüestrar estrangeiros mas a farda não será valorizada na próxima estação. Você pode abusar do rifler, metralhadora, granada, e bombas de efeito moral. Incremente o visual com um pouco de xenofobia, abuse do patriotismo se você é americano e aposte num futuro incerto se você é árabe.
Extermine jornalistas. A imprensa não acompanha a moda, e só ocupa espaço.
Por aqui, o auge é seqüestrar mãe de jogador de futebol, aumentar passagem de ônibus, comprar avião e roubar ambulâncias, além de participar de um reality show e contratar argentinos para realizar especialidades tipicamente brasileiras.
Claro que assim como o jeans existem coisas que às vezes caem no conceito da população, mas sempre conseguem reconquistar a preferência nacional. É o caso da corrupção, que vira e mexe, nos proporciona acompanhar com verdadeiro deslumbre a astúcia, elegância e facilidade com que alguns (vários) representantes da famosa grife dos engravatados conseguem exercer a atual função da política mundial: extorquir.
Existe ainda a moda do “preto e branco”, dois em um. É o atual “rouba, mas faz”, que pode ser usado separadamente com um toque muito moderno: “só rouba” e “nada faz”.
E a coisa não para por ai. A igreja também cedeu aos encantos do modismo, e os Padres pedófilos prometem arrasar na próxima estação, contando com a companhia de ilustres poptars, detentores de um poder aquisitivo alto o suficiente para não serem obrigados a se submeterem à onda do “xadrez”: muito utilizado nos subúrbios, mas que definitivamente, não combina com a elite. E por ai vai. A moda toma conta dos nossos dias, tornando cada um de nossos movimentos vitimas do controle absurdo, mas sutil, exercido pelas chamadas “instituições da sociedade moderna”, e atualmente, está na moda calar-se diante de tudo aquilo que possa exigir ir contra uma imposição superior, fazendo com que a única saída que nos resta seja reservar não mais que um minuto de nossos dias para que uma prece silenciosa e mundial seja feita: Deus salve a América.
E ainda que algumas milhares de pessoas enxerguem Deus falando inglês, e a América estando ao norte, a esperança é a de que se houver um poder divino regendo nossas vidas, ele entenda “América” como “Américas”, e compreenda que ainda não está na moda incluir África e Ásia na salvação, mas a Europa tem caminhado muito bem para merecer seu lugar ao sol, e a Oceania...Bom, acho que nem existem poços de petróleo por lá...
Para ler ouvindo: Bauru x Big Mac - (Banda Tubaína)

domingo, 9 de março de 2008

Sobre as flores

Está aqui, guardada a sete chaves.
Reprimida, regulada, rejeitada.
Comprimida desumanamente. E quase sendo expressa num grito desregular, desafinado. Mas não!
Liberar sensações por gritos é mera ilusão. Se todos os ódios e amores fossem declarados por berros haveria bem menos homicídios. E suicídios também.
Mas não é isso o que queremos. O que vamos comentar no dia seguinte?
Eu, como coadjuvante disposta a seguir esse roteiro inerte permaneço calada. Não há nada a declarar.
Na verdade até há. Mas sua irrelevância diante de tudo é tão maior que minha coragem em sair falando desesperadamente.
Falar desesperadamente...quanta saudade de fazer isso.
De não ter medo de dizer, de não ter receio em pensar. De orgulhar-se de possuir uma visão dissemelhante.
Por anos cultivei isso. Essa vontade inócua de ser diferente de todo o resto, de ser eu mesma. E agora, acabo aqui, nas garras predatórias de um futuro coletivo: vítimas.
Somos vitimas de um sistema bruto, que exalta a dor, que exalta o banal. Que oprime a arte e seus seguidores órfãos.
Ahhh....eu e esse meu peito, cheio de outras coisas. Quanta coisa a dizer. Quanta vontade refreada.
Está aqui, guardada a sete chaves....
Reprimida, regulada....acho que já falei isso hoje.
Vou me levantar daqui, vou até o quintal regar as flores mortas. Cultivar coisas mortas me faz crer na vida, e repensar as atitudes. Estranha essa sensação, mas elas precisavam ser citadas....as flores.
E quando elas não me servirem mais para regar, eu calço meus chinelos e volto pra cá...Pro meu interior desconhecido, pro meu vazio próprio.
Mas não tenha pena, não me olhe com essa cara....
Eu ainda estou melhor que muita gente.
Você, por exemplo, tem ao menos um vazio para chamar de seu?





Para ler ouvindo: Pra não dizer que não falei das flores (Geraldo Vandré)