E você a amou? - ela perguntou apagando o cigarro numa lata vazia de Coca Cola.
Por um momento sim. - ele respondeu secamente.
Mais do que a mim?
Nem mais nem menos. Amei diferente.
Ela se ajeitou na cama. Estava de meias mas sentia muito frio.
Diferente como? - insistiu.
Amei sem medo.
Você tem medo de mim?
Tenho medo de te perder. Quanto a ela...nunca tive receio algum.
Ele tomou um gole do café preto já gelado que esquecera ao alcance das mãos.
Você me traiu...- ela disse, ameaçando um choro.
Traí a nós dois... - ele retrucou evasivo.
Não posso suportar isso.
Eu sei que não.
Você me jurou amor eterno...
Ele a encarou por um momento numa tentativa frustrada de memorizar sua feição. O nariz fino tão cheio de rinite que não o deixou dormir por noites. Os olhos separados numa harmonia particular que gerava estranheza e charme. E a boca bem desenhada que ele tentou inúmeras vezes reproduzir num papel.
Eu te amo eternamente... - respondeu
mas não te amo constantemente.