domingo, 9 de março de 2008

Sobre as flores

Está aqui, guardada a sete chaves.
Reprimida, regulada, rejeitada.
Comprimida desumanamente. E quase sendo expressa num grito desregular, desafinado. Mas não!
Liberar sensações por gritos é mera ilusão. Se todos os ódios e amores fossem declarados por berros haveria bem menos homicídios. E suicídios também.
Mas não é isso o que queremos. O que vamos comentar no dia seguinte?
Eu, como coadjuvante disposta a seguir esse roteiro inerte permaneço calada. Não há nada a declarar.
Na verdade até há. Mas sua irrelevância diante de tudo é tão maior que minha coragem em sair falando desesperadamente.
Falar desesperadamente...quanta saudade de fazer isso.
De não ter medo de dizer, de não ter receio em pensar. De orgulhar-se de possuir uma visão dissemelhante.
Por anos cultivei isso. Essa vontade inócua de ser diferente de todo o resto, de ser eu mesma. E agora, acabo aqui, nas garras predatórias de um futuro coletivo: vítimas.
Somos vitimas de um sistema bruto, que exalta a dor, que exalta o banal. Que oprime a arte e seus seguidores órfãos.
Ahhh....eu e esse meu peito, cheio de outras coisas. Quanta coisa a dizer. Quanta vontade refreada.
Está aqui, guardada a sete chaves....
Reprimida, regulada....acho que já falei isso hoje.
Vou me levantar daqui, vou até o quintal regar as flores mortas. Cultivar coisas mortas me faz crer na vida, e repensar as atitudes. Estranha essa sensação, mas elas precisavam ser citadas....as flores.
E quando elas não me servirem mais para regar, eu calço meus chinelos e volto pra cá...Pro meu interior desconhecido, pro meu vazio próprio.
Mas não tenha pena, não me olhe com essa cara....
Eu ainda estou melhor que muita gente.
Você, por exemplo, tem ao menos um vazio para chamar de seu?





Para ler ouvindo: Pra não dizer que não falei das flores (Geraldo Vandré)

4 comentários:

Anônimo disse...

Tomou vergonha né... parabéns, tá super clean, tá lindo e este último post, sem palavras... tem uma música do Jorge Ben que diz: "Eu preciso salvar os velhos, eu preciso salvar as flores, eu preciso salvar as criacinhas e os cachorros"... show!

Unknown disse...

Tentando ser diferente até de mim, eu acabo sendo igual a todo mundo, e quer saber? eu queria não ligar para isso, mas eu ligo, e ligo MUITO.


Prencha os espaços com novas alegrias, pq o q está morto não completa o vazio.


Orgulho IMENSO de vc. A cada dia. A cada texto. A cada palavra.


beijo Parceira
Amo já!
ps.: E a saudade? Nem quero comentar. =/

Ana Paula Fonseca disse...

posso falar? (imagina a minha cara falando isso)

imaginei exatamente essa músico ao ler!

e posso falar?

acho que sei o que quis dizer, e me identiquei no texto quando vc disse a respeito de gritar. Você me fez gritar nas catracas, lembra?

De algum jeito isso tinha que sair, reprimindo e se guardando não leva a nada. E por meio de palavras creio que seja mais fácil, para nós pobres amantes e erroneos utilizadores das palavras para expressar.

O vazio é um espaço, é um lugar onde tem espaço, que vc reservou para elee, exatamente. De alguma forma foi separado para isso, mas ser o "nada". Fugimos do medo que esse espaço nos dá, até pq melancolia é um tanto quanto agoniante. Mas acho que quando preenchemos os outros espaços "reservados" com amizade, bons momentos, e o melhor, quando deixamos esse bonms espaços tomar conta de todo o nosso ser, esse espaços se integram... e assim não mais será um grande vazio, mas sim um grande espaço preenchido.

Tendeu? nem eu!!

Quero amiga!

amo vc

Ana Paula Fonseca disse...

na verdade o que eu escrevi ta bem confudo, rs

o que eu quis dizer é que eu estou com vc, sempre!

conte com a muié aqui!!!

na verdade, eu faço pra vc depois perssuarmente, certo?

beijo

te amo